Análise do Mercado de Pulgas (Buenos Aires) + 2 Edíficios de Uso Misto

    Por Mabel Sátiro, Mateus Girão e Martin Salles. 

 

Localizado no Bairro Colegiales, e é uma grande área comercial que oferece todos os tipos de produtos de segunda mão. Boatos dizem que seu remonta ao final do século XVIII, quando pessoas com maior poder aquisitivo vendiam as roupas que não precisariam mais para outras mais humildes (como uma espécie de bazar). Como a higiene da época não era das mais avançadas, algumas vezes os produtos adquiridos chegaram com pulgas na casa do comprador.

A restauração de móveis e antiguidades não se limita apenas ao mercado. Em seus arredores, vários lugares também foram instalados, convertendo a área em um polo gastronômico e de design.

Fundado em 1987, é conhecido por alguns vendedores como um "museu comercial" porque tem à venda objetos do passado e pode contar a história do que eles vendem. É um campo de cultura, de expressão artística, mas ao mesmo tempo um centro comercial. É uma viagem no túnel do tempo porque tem muitos objetos do século passado preservados em perfeitas condições ou reciclados para novos. Lá se pode encontrar todo tipo de antiguidades e itens de decoração; móveis feitos de materiais reciclados, louças, poltronas, roupeiros, pinturas, espelhos, baús, etc. Este grande armazém é subdividido em um grande número de postos (por volta de 150) repletos de todos os tipos de mercadorias. 

Tem corredores largos para mover sem problemas, especialmente se comprarmos alguns móveis de dimensões consideráveis.

      O Mercado das Pulgas abre de terça a domingo das 10h às 19h, mas é comum passar por lojas com placas que dizem: “se estiver interessado em algo, ligue para (número de telefone)”, já que nem sempre os vendedores estão ali. É mais fácil encontrar pessoas fotografando do que realmente comprando coisas, o que deve ser muito decepcionante para quem vive daquele negócio.

      Este imenso galpão mudou para novo endereço em 2005 e voltou ao mesmo local (onde funcionava desde 1987) depois de uma grande renovação, agora com teto novo, banheiros decentes e infinitamente melhor organizado.

Arquitetura: Celio Diniz, Raíssa Rocha, Daniel Sousa e colaboração de Luís Felipe Vasconcellos
Região Administrativa de Ceilândia – DF
Habitação de interesse social
6.310m²

CONCEITO: Mais do que simplesmente oferecer novas unidades habitacionais, é preciso construir o sentido de lugar, de pertencimento e permitir que os moradores façam suas apropriações, do contrário, o habitat será estéreo. A urbanidade é condição primordial do projeto. O incentivo à utilização do ambiente público articulado aos espaços privados se reflete na concepção das edificações e no equilíbrio entre habitação e comércio.

PROJETO URBANO: Os edifícios se abrem para a cidade ao apresentar o conceito de blocos deslocados e circulações internas com vistas para o entorno. Os acessos de pedestres e veículos foram cuidadosamente pensados para otimização dos fluxos, e os desníveis do terreno foram considerados no acesso às lojas do térreo, cujos desníveis de uma ponta a outra do edifício chegam a 3 metros. Assim, as lojas têm pé-direito variável, de 2,50 m até 5,50 m, o que resulta em diversidade de tipologias e valores das unidades comerciais já que parte delas pode fazer mezanino e multiplicar sua área de uso. Entre os dois conjuntos, o espaço intersticial destinado à praça foi utilizado em “L” para dar sentido de continuidade com as outras quadras, além de dispor de faixas de pedestres elevadas e ciclovia.

POTENCIAL CONSTRUTIVO: O potencial construtivo não foi utilizado por completo. Buscamos a melhor relação entre densidade e conforto. O Coeficiente de Aproveitamento dos lotes é igual a 2, o que permitiria até 6.212 m² de área computável. No entanto, com edifícios de apenas 4 andares, a utilização máxima resultaria em uma densidade desconfortável, sem áreas de convívio social e circulações fechadas. Portanto, preferimos utilizar o máximo potencial do ponto de vista qualitativo, criando o máximo de unidades habitacionais e comerciais sem prejuízo da ventilação, insolação, circulações e espaços de convivência.

PREMISSAS DE PROJETO: A praça que conecta os lotes é transformada em um espaço central, um núcleo potencializado pelo comércio lindeiro e pelos acessos dos blocos habitacionais. O máximo esforço foi feito para contemplar o maior número possível de famílias com espaços de qualidade. São 4 blocos de 4 pavimentos, com 10 apartamentos e 3 lojas em cada um. A variação entre eles é feita apenas no pavimento térreo e na forma como são dispostos nos lotes, trazendo alguns benefícios ao conjunto. A monotonia da volumetria é quebrada uma vez que as fachadas são diferentes apesar de seguirem a mesma modulação. Cada bloco tem seu acesso voltado para uma rua diferente ou para as esquinas da praça. Dessa maneira, a vivacidade dos espaços públicos pode ser ativada de maneira equilibrada.

PÁTIO COMUM: A tipologia do pátio interno de caráter semi-público reforça o gradiente público-privado dos espaços propostos. Com boa oferta de insolação por conta de suas dimensões, o espaço interno é valorizado podendo oferecer jardins, horta ou pequenos pomares para os moradores e para o restante da comunidade. É o quintal comunitário. Um acesso generoso e convidativo conecta o interior ao exterior funcionando também como mais um espaço informal de permanência.

DESNÍVEIS DO TERRENO: Apenas as lojas têm níveis diferentes que acompanham o caimento das vias públicas. Os estacionamentos que atendem aos prédios se encontram em cotas intermediárias.

ECONOMICIDADE E PADRONIZAÇÃO: Habitação de interesse social não significa necessariamente baixa qualidade. Pelo contrário, é preciso propor soluções que diminuam os custos de construção e manutenção sem prejudicar a qualidade dos espaços, principalmente com relação ao conforto ambiental das unidades. A modulação estrutural, sistema construtivo e padronização são determinantes para a redução dos custos e tempo de obra. Todas as unidades propostas são padronizadas seguindo a mesma modulação estrutural.

GARAGENS: Construção de subsolos para garagens foi evitada para não elevar os custos de obra. Trinta e oito vagas descobertas e cobertas são oferecidas entre os prédios sem comprometer a urbanidade.

SISTEMA CONSTRUTIVO: Os sistemas construtivos adotados priorizam os aspectos da economicidade, modularidade e rapidez de execução. O térreo e os 3 pavimentos residenciais são construídos em alvenaria estrutural de blocos de concreto e lajes pré-fabricadas de concreto. As circulações dispostas entre os blocos são de estrutura metálica e lajes de concreto.

SUSTENTABILIDADE: Além do emprego de estratégias passivas de conforto térmico que por si só já garantem uma substancial redução no consumo energético, são previstos mecanismos para a racionalização da energia. Locais são reservados na cobertura para a instalação de equipamentos de aquecimento solar, reservatórios de água quente e placas fotovoltaicas para geração de energia limpa. Águas pluviais serão filtradas e armazenadas em reservatórios específicos localizados junto à cisterna principal no subsolo. O reuso das águas da chuva deve ser destinado aos vasos sanitários e jardins.

Dados Gerais:
Localização: Istambul, Turquia
Tipologia : Uso Misto ( Residencial, Corporativo, Comercial)
Materiais Predominantes: Concreto, Vidro, aço e alumínio
Área construída: 340.000 m²
DESCRIÇÃO: Projeto Varyap Meridian destaca-se na paisagem de Istambul por conta do seu design arrojado e da altura das torres. O edifício conta com 1500 unidades residenciais, um hotel com 300 apartamentos e espaços comerciais. O Varyap Meridian ganhou vários prêmios, dentre eles o de melhor arquitetura internacional pela International Property Awards.

RELAÇÃO DOS USOS PROPOSTOS: Por se tratar de um projeto em grande escala, os usos comerciais e residenciais do edifício estão separados por torres, possuindo amplos espaços livres entre eles. Quanto a separação de áreas comerciais e corporativas, cada uma possui entrada por um lado oposto, porém com fácil intercâmbio na parte mais interna.

CONTEXTO URBANO E HISTÓRICO: A proposta do edifício foi gerar valor através do design, uma vez que a arquitetura de Istambul foi muito marcada pelo período bizantino, o qual contou com a presença de várias basílicas e mesquitas opulentas; e a horizontalidade foi sutilmente homenageada. Além disso, os próprios elementos de fachada remetem às cores usadas nas construções mais antigas da cidade. Ao se tratar de adequação urbana, o edifício foi preparado com uma análise detalhada da topografia do relevo, além de estudos das direções dos ventos e entrada da luz solar.

DIMENSIONAMENTO E ELEMENTOS EM DESTAQUE: A inclinação das Torres é o detalhe que mais chama atenção do projeto, tornando as áreas próximas dos edifícios mais utilizadas.