Análise de edifícios de uso misto na cidade de Fortaleza
por Livia Machado, Maria Luisa Maia e Paula Azevedo
O empenho em analisar alguns edifícios de uso misto na cidade de Fortaleza dá-se com o objetivo de entender como esses edifícios funcionam e como eles estão inseridos em nossa sociedade. A prática cotidiana prova que muitas vezes eles mesmo que sejam bastante utilizados, passam despercebidos por muitos olhos, as pessoas focam somente em um dos usos dele, como em uma loja específica. Desse modo, é importante tentar se atentar ao funcionamento e peculiaridades desses edifícios.
Conjunto Residencial Gontran Gifoni – Rua Nogueira Acioli, 1640, Centro
Fonte: Google Maps 
 O Conjunto Residencial Gontran Gifoni, edifício localizado na Rua Nogueira Acioli, 1640 configura-se como um edifício de uso misto com quatro torres de três andares cada. Duas delas – a torre do Bloco D e a torre do Bloco B – possuem espaços para aluguel no térreo, onde, hoje, funcionam um escritório, um brechó e um que não está em funcionamento. A relação com o entorno se dá exclusivamente entre os pontos comerciais, pois a parte residencial do conjunto é de uso exclusivo dos moradores. Para o deslocamento dos moradores até os comércios, é necessário sair dos limites do conjunto residencial, dificultando a interação entre as partes. Atualmente, por um dos pontos estar fechado e o outro ser um escritório de imobiliária, não há muita relação entre os moradores e os comércios, sendo ela exclusivamente dada pelo brechó.
O único ponto que foi possível realizar a visita foi no brechó. Trata-se de uma pequena área de forma retangular que possibilita diversas tipologias, sendo um ambiente versátil e que se adaptaria para outros tipos de comércio, e não apenas a um brechó. É bem iluminado naturalmente e, devido a uma grande marquise que proporciona sombra, melhora a sensação térmica dentro brechó. Apesar da possibilidade de executar um projeto bem pensado – pois, claramente, há espaço para isso –, o brechó configura-se de uma maneira bastante orgânica, não há uma preocupação com a disposição do mobiliário e organização do espaço, o que torna o local desagradável.
Fachada do brechó Fonte: Acervo próprio 
O edifício é familiar. O gabarito baixo permite uma maior troca de experiências entre os moradores, pois há menos apartamentos. Entretanto, não é muito convidativo. Os materiais e as cores escolhidos, a forma como a construção foi feita, a disposição e outros fatores, por fora passam a sensação de um complexo industrial, e não de um conjunto residencial, onde é possível trocar experiências e viver bem. Internamente, o térreo, bastante amplo, simula uma rua, com vários banquinhos na “calçada” e plantas, tornando o ambiente bastante agradável e propício a relações interpessoais. Esse pátio interno torna-se o principal e mais importante ponto de encontro entre os moradores do Conjunto Residencial Gontran Gifoni, que sempre estão por lá, conversando e realizando suas atividades nos horários mais amenos do dia, principalmente crianças e idosos. Para a sua proposta, o pátio interno simula o que é estar em uma praça, pois a escolha de materiais, o mobiliário e a vegetação – além da disposição dos mesmos – lembram esse sentimento.
Pátio Interno Fonte: Acervo próprio 
Apesar da amplitude do térreo, o pavimento tipo é bastante reduzido, com dois apartamentos por andar. Por não apresentar elevadores, os moradores precisam utilizar a escada para chegar as unidades, o que significa que o conjunto residencial torna-se completamente inacessível para cadeirantes, por exemplo. Os apartamentos são pequenos e oferecem uma sala com uma varanda, uma cozinha, dois quartos e dois banheiros para cada unidade, de tamanho bem modesto.
Croqui do pavimento tipo Fonte: Acervo próprio 
A escolha de materiais de acabamento para as unidades residenciais é questionável. Segundo experiência dos próprios moradores, o piso de madeira torna-se o principal problema no dia a dia. Por ser de uma cor escura, ele absorve bastante luz e calor, deixando o ambiente escuro e quente. A falta de janelas também promove a sensação de confinamento. Há apenas uma varanda na frente da sala, que promove toda a iluminação natural do apartamento, pois, ainda segundo os moradores, as janelas dos quartos estão sempre fechadas devido ao seu baixo peitoril, já a abertura delas torna acidentes mais prováveis de acontecer.
A sala de estar das unidades residenciais é o primeiro cômodo, e para chegar aos outros, é necessário passar por ela. Devido a essa necessidade, a sala do apartamento tipo se dá como uma espécie de corredor, desde a sua forma e dimensões, que favorecem esse tipo de configuração, até a disposição mais provável que os habitantes escolherão para o mobiliário. Por isso, não há muita privacidade ao usuário que está na sala assistindo televisão ou utilizando o computador, por exemplo, pois haverá sempre alguém transitando por ali. Nesse cenário, a sala de estar funciona mais como um corredor do que como um local de relaxamento e lazer.
Estar e Jantar do apartamento tipo Fonte: Acervo próprio 
A cozinha, assim como a sala, possuem dimensões que a desfavorecem, tornando o ambiente estreito e pouco funcional. Ela não possui aberturas significantes – apenas uma pequena janela para exaustão do ar –, o que a torna bastante escura e indispensável o uso de iluminação artificial no dia a dia. A cozinha e a sala são integradas pela sala de jantar, o que pode ser uma boa solução no sentido de que quem está na sala de jantar, pode interagir com quem está na cozinha e na sala, tornando o apartamento um local de integração e socialização. Segundo os moradores dessa unidade, o local onde mais ocorre interação entre a família é no eixo sala de estar, sala de jantar e cozinha, e essa integração dos ambientes facilita essa troca.
Cozinha do apartamento tipo Fonte: Acervo próprio 
Como somente o piso da cozinha e dos banheiros se diferenciam por ser áreas molhadas, o mesmo problema do piso de madeira da sala de estar e jantar ocorre nos quartos. Ademais, as janelas que, como já citado, não podem ser abertas para evitar acidentes, contribuem, junto com o piso de madeira, para tornar os ambientes dos quartos escuros, quentes e desagradáveis. Apesar disso, o quarto dos filhos tem um tamanho razoável, e é possível conviver e se movimentar bem. Já, na suíte do casal, as dimensões foram um pouco reduzidas – e isso não permite a movimentação dos corpos com destreza.
Condomínio Liege – Rua Senador Pompeu, 2508, José Bonifácio Fonte: Acervo próprio 
O Condomínio Liege, localizado na Rua Senador Pompeu, 2508, é um condomínio com sete blocos residenciais e um bloco misto, que possui um mercadinho no térreo e apartamentos nos demais andares. O condomínio é relativamente antigo e cada bloco possui oito andares, e cada andar possui quatro unidades de habitação. O acesso ao condomínio se dá exclusivamente pela garagem, e o acesso ao mercadinho se dá por fora do condomínio, não tendo acesso exclusivo para moradores. O térreo do bloco misto é dividido pelo mercadinho e o hall de entrada para as unidades.
Térreo do bloco Fonte: Acervo próprio 
O mercadinho é um espaço razoavelmente grande, porém possui uma iluminação ruim, sendo necessária constante iluminação artificial, mesmo durante o dia, por não ter muitas aberturas, acarretando também a falta de ventilação, tornando o local abafado, principalmente na parte de frutas, onde possui bastante insetos. a acessibilidade do local é bem ruim; aparenta ser bastante desorganizado, os corredores são estreitos e há bastantes produtos no chão. Devido os empecilhos o ambiente se torna desagradável e faz com que as pessoas queiram passar o menor tempo possível no local, o que acaba podendo diminuir o lucro do estabelecimento, vendo que as pessoas vão comprar algo especificamente, sem observar os produtos que estão à disposição e acabam não comprando produtos a mais.
Interior do mercadinho Fonte: Acervo próprio 
A parte residencial do bloco, cujo acesso se dá por dentro do condomínio, que possui uma praça que percorre o meio dos blocos e uma quadra, deixando o ambiente do condomínio agradável e tornando possível a socialização dos moradores de todos os blocos, o que traz uma sensação de calma, pois é bastante ventilado e convidativo, e, ocasionalmente, tem jogos de futebol e missas. Os blocos não possuem unidades no térreo, tendo uma porta de vidro separando a parte comum de todos os blocos do condomínio ao hall do elevador do bloco, o que ocorre também no bloco misto. A partir do primeiro andar do bloco há quatro unidades por andar, separados por três halls, o do elevador e dois de entrada - cada um separando dois apartamentos -, separados por um portão de ferro, o que, apesar de dar maior sensação de segurança tem a aparência de engaiolamento, fazendo com que haja maior dificuldade do morador entrar e sair de casa.
Área comum do condomínio


Fonte: Acervo próprio. 
 Os halls de entrada dos apartamentos, grande parte foi transformado em uma varanda, por ter uma parede de cobogós, tornando esse espaço uma extensão da casa dos vizinhos de frente, sendo um local compartilhado, talvez sendo uma forma de tornar a "gaiola" um local mais agradável e habitável.
Hall de entrada das unidades do pavimento tipo




Fonte: Acervo próprio 
Não foram permitidas fotos do interior do apartamento, mas possui 90 m², um quarto, uma suíte, um banheiro, sala, cozinha, área de serviço e dependência de empregada com banheiro. Dois dos apartamentos são totalmente virados para o leste, um deles tendo os quartos direcionados, como a maioria as janelas são de vidro, acaba se tornando um ambiente muito quente, além disso, toda a ventilação disponível para esses apartamentos será barrada por um condomínio que está sendo construído ao lado.
Croqui do apartamento tipo

Fonte: Acervo próprio 
Edifício Aluísio Gusmao Rocha – Marechal Deodoro, 486, Benfica

Fonte: Acervo próprio. 
O Edifício Aluisio Gusmao Rocha, se encontra na Rua Marechal Deodoro, 486, e é uma edificação de X pavimentos, onde o térreo é locado para um mercadinho e uma lanchonete.
O mercadinho tem um espaço muito pequeno, e, por falta de organização dos proprietários, os corredores são muito apertados, quase não cabendo duas pessoas no mesmo corredor. O local é totalmente desprovido de iluminação natural, mas os proprietários preferem usar da iluminação artificial apenas durante a noite. O mercadinho também não possui nenhuma ventilação natural, nem nenhuma abertura que permita a circulação de ventos, tendo apenas um ventilador direcionado para o caixa, deixando resto do mercado sem nenhum tipo de ventilação, porém, por ser um ambiente muito pequeno e ter poucas opções de compra, a permanência no local é mínima, não tornando esses problemas tão prejudiciais.
Fachada do mercadinho

Fonte: Acervo próprio 
A lanchonete, abre apenas a noite, e, diferente do mercado, sua área é bastante confortável e a disposição dos móveis favorece a ergonomia do estabelecimento. Por só abrir no período noturno, a iluminação é predominantemente artificial e a ventilação também, com ventiladores abrangendo todo o local.
Fachada da Lanchonete

Fonte: Acervo próprio 
Os dois estabelecimentos - principalmente o mercado - não possuem nenhuma acessibilidade; primeiramente na calçada, que é esburacada e cheia de degraus, depois da ergonomia e disposição dos móveis dos estabelecimentos que dificultam ou impossibilitam o acesso a todos os lugares, principalmente para pessoas com deficiência física.
Não conseguimos acesso à parte residencial do prédio, mas o acesso é por fora do prédio por uma escada lateral, mas não havia ninguém nas unidades, e os donos dos estabelecimentos não conseguiram dar informações sobre.
Edifício Sem Nome- Rua Pinto Madeira, 1401, Centro

Fonte: Acervo próprio. 
O seguinte edifício está localizado na esquina da rua Pinto Madeira com a rua Barão de Aracati. Possui uma fachada dupla: a do edifício de habitação tem uma entrada voltada para a rua Pinto Madeira e a de comércio para a rua Barão de Aracati. Essa divisão ocorre a fim de melhorar o conforto de ambas as partes.
Parte habitacional do edifício

Fonte: Google maps  
Nessa perspectiva, existem dois espaços para locação no edifício. O primeiro espaço é um escritório de arquitetura, o qual não tivemos a oportunidade de exercer uma visita, pois o mesmo estava fechado em ambos os horários que visitamos. Já o segundo é um salão de beleza, chamado Roberta, o qual foi realizada a visitação e conversamos com a dona que disse que já estava naquele local há muitos anos e que a maioria dos clientes que recebia eram moradores próximos.
Estebelecimentos


Fonte: Acervo próprio. 
Ambiente interno do salão de beleza




Fonte: Acervo próprio 
O salão de beleza possui um grande espaço em formato de L, que é usado com uma pequena recepção, espaço para cabeleireiros e outro espaço para manicures. Atrás da recepção, há uma sala para depilação e atrás dos lavatórios há um lavabo e uma despensa.
Esta edifício misto traz uma resolução interessante para as duas aplicações de uso do mesmo, porém ele já sofre com pichações e sujeiras ocasionadas pelo tempo. As cores escuras trazem uma aura de um bloco pesado, como se tivesse somente sido jogado ali, não se relacionando tanto com o entorno, que é provido de algumas habitações térreas e antigas, e alguns prédios altos de cores claras, poucas lojas logo ao lado, e a Praça Luíza Távora a um quarteirão na frente. Dessa forma, talvez somente uma pintura do mesmo fosse suficiente para trazer uma leveza a mais para o ambiente.
Visão aérea do edifício

Fonte: Acervo próprio 
Prédio Sem Nome- Rua 1 de Janeiro, 934, Maraponga

Fonte: Acervo próprio 
Esse prédio, localizado na rua Primeiro de Janeiro, 934, na realidade é uma casa com pontos comerciais embaixo, sendo uma açaiteria e um salão de beleza.
A açaiteria abre apenas no período noturno, e por isso se utiliza de iluminação artificial. Apesar de não possuir ventilação artificial e não ser favorável ao vento, o estabelecimento não é abafado e não causa desconforto na temperatura. Sua disposição dos móveis é favorável a ergonomia e acessível, mas apenas o seu interior, já que acabam se apropriando da calçada com algumas mesas, dificulta o acesso pela calçada que já é bem alta.
Fachada da açaiteria

Fonte: Acervo próprio 
O salão de beleza se utiliza por iluminação artificial, pois a natural é prejudicada pela porta de vidro com adesivo na entrada do salão, que sempre permanece fechada, o que leva a ser usado o uso de ar condicionado, o que poderia ser evitado se abrissem a porta. A disposição de móveis é típica de um salão de beleza e possui espaço suficiente para ser considerado acessível.
Fachada do salão de beleza

Fonte: Acervo próprio 
Não conseguimos entrar na residência, que aparenta ser bastante espaçosa, sua entrada se faz por uma escada ao lado do açaí ou pela garagem na rua Mônaco.
Fachada lateral do edifício

Fonte: Acervo próprio 
O empenho em analisar alguns edifícios de uso misto na cidade de Fortaleza dá-se com o objetivo de entender como esses edifícios funcionam e como eles estão inseridos em nossa sociedade. A prática cotidiana prova que muitas vezes eles mesmo que sejam bastante utilizados, passam despercebidos por muitos olhos, as pessoas focam somente em um dos usos dele, como em uma loja específica. Desse modo, é importante tentar se atentar ao funcionamento e peculiaridades desses edifícios.
O único ponto que foi possível realizar a visita foi no brechó. Trata-se de uma pequena área de forma retangular que possibilita diversas tipologias, sendo um ambiente versátil e que se adaptaria para outros tipos de comércio, e não apenas a um brechó. É bem iluminado naturalmente e, devido a uma grande marquise que proporciona sombra, melhora a sensação térmica dentro brechó. Apesar da possibilidade de executar um projeto bem pensado – pois, claramente, há espaço para isso –, o brechó configura-se de uma maneira bastante orgânica, não há uma preocupação com a disposição do mobiliário e organização do espaço, o que torna o local desagradável.
O edifício é familiar. O gabarito baixo permite uma maior troca de experiências entre os moradores, pois há menos apartamentos. Entretanto, não é muito convidativo. Os materiais e as cores escolhidos, a forma como a construção foi feita, a disposição e outros fatores, por fora passam a sensação de um complexo industrial, e não de um conjunto residencial, onde é possível trocar experiências e viver bem. Internamente, o térreo, bastante amplo, simula uma rua, com vários banquinhos na “calçada” e plantas, tornando o ambiente bastante agradável e propício a relações interpessoais. Esse pátio interno torna-se o principal e mais importante ponto de encontro entre os moradores do Conjunto Residencial Gontran Gifoni, que sempre estão por lá, conversando e realizando suas atividades nos horários mais amenos do dia, principalmente crianças e idosos. Para a sua proposta, o pátio interno simula o que é estar em uma praça, pois a escolha de materiais, o mobiliário e a vegetação – além da disposição dos mesmos – lembram esse sentimento.
Apesar da amplitude do térreo, o pavimento tipo é bastante reduzido, com dois apartamentos por andar. Por não apresentar elevadores, os moradores precisam utilizar a escada para chegar as unidades, o que significa que o conjunto residencial torna-se completamente inacessível para cadeirantes, por exemplo. Os apartamentos são pequenos e oferecem uma sala com uma varanda, uma cozinha, dois quartos e dois banheiros para cada unidade, de tamanho bem modesto.
A escolha de materiais de acabamento para as unidades residenciais é questionável. Segundo experiência dos próprios moradores, o piso de madeira torna-se o principal problema no dia a dia. Por ser de uma cor escura, ele absorve bastante luz e calor, deixando o ambiente escuro e quente. A falta de janelas também promove a sensação de confinamento. Há apenas uma varanda na frente da sala, que promove toda a iluminação natural do apartamento, pois, ainda segundo os moradores, as janelas dos quartos estão sempre fechadas devido ao seu baixo peitoril, já a abertura delas torna acidentes mais prováveis de acontecer.
A sala de estar das unidades residenciais é o primeiro cômodo, e para chegar aos outros, é necessário passar por ela. Devido a essa necessidade, a sala do apartamento tipo se dá como uma espécie de corredor, desde a sua forma e dimensões, que favorecem esse tipo de configuração, até a disposição mais provável que os habitantes escolherão para o mobiliário. Por isso, não há muita privacidade ao usuário que está na sala assistindo televisão ou utilizando o computador, por exemplo, pois haverá sempre alguém transitando por ali. Nesse cenário, a sala de estar funciona mais como um corredor do que como um local de relaxamento e lazer.
A cozinha, assim como a sala, possuem dimensões que a desfavorecem, tornando o ambiente estreito e pouco funcional. Ela não possui aberturas significantes – apenas uma pequena janela para exaustão do ar –, o que a torna bastante escura e indispensável o uso de iluminação artificial no dia a dia. A cozinha e a sala são integradas pela sala de jantar, o que pode ser uma boa solução no sentido de que quem está na sala de jantar, pode interagir com quem está na cozinha e na sala, tornando o apartamento um local de integração e socialização. Segundo os moradores dessa unidade, o local onde mais ocorre interação entre a família é no eixo sala de estar, sala de jantar e cozinha, e essa integração dos ambientes facilita essa troca.
Como somente o piso da cozinha e dos banheiros se diferenciam por ser áreas molhadas, o mesmo problema do piso de madeira da sala de estar e jantar ocorre nos quartos. Ademais, as janelas que, como já citado, não podem ser abertas para evitar acidentes, contribuem, junto com o piso de madeira, para tornar os ambientes dos quartos escuros, quentes e desagradáveis. Apesar disso, o quarto dos filhos tem um tamanho razoável, e é possível conviver e se movimentar bem. Já, na suíte do casal, as dimensões foram um pouco reduzidas – e isso não permite a movimentação dos corpos com destreza.
O Condomínio Liege, localizado na Rua Senador Pompeu, 2508, é um condomínio com sete blocos residenciais e um bloco misto, que possui um mercadinho no térreo e apartamentos nos demais andares. O condomínio é relativamente antigo e cada bloco possui oito andares, e cada andar possui quatro unidades de habitação. O acesso ao condomínio se dá exclusivamente pela garagem, e o acesso ao mercadinho se dá por fora do condomínio, não tendo acesso exclusivo para moradores. O térreo do bloco misto é dividido pelo mercadinho e o hall de entrada para as unidades.
O mercadinho é um espaço razoavelmente grande, porém possui uma iluminação ruim, sendo necessária constante iluminação artificial, mesmo durante o dia, por não ter muitas aberturas, acarretando também a falta de ventilação, tornando o local abafado, principalmente na parte de frutas, onde possui bastante insetos. a acessibilidade do local é bem ruim; aparenta ser bastante desorganizado, os corredores são estreitos e há bastantes produtos no chão. Devido os empecilhos o ambiente se torna desagradável e faz com que as pessoas queiram passar o menor tempo possível no local, o que acaba podendo diminuir o lucro do estabelecimento, vendo que as pessoas vão comprar algo especificamente, sem observar os produtos que estão à disposição e acabam não comprando produtos a mais.
A parte residencial do bloco, cujo acesso se dá por dentro do condomínio, que possui uma praça que percorre o meio dos blocos e uma quadra, deixando o ambiente do condomínio agradável e tornando possível a socialização dos moradores de todos os blocos, o que traz uma sensação de calma, pois é bastante ventilado e convidativo, e, ocasionalmente, tem jogos de futebol e missas. Os blocos não possuem unidades no térreo, tendo uma porta de vidro separando a parte comum de todos os blocos do condomínio ao hall do elevador do bloco, o que ocorre também no bloco misto. A partir do primeiro andar do bloco há quatro unidades por andar, separados por três halls, o do elevador e dois de entrada - cada um separando dois apartamentos -, separados por um portão de ferro, o que, apesar de dar maior sensação de segurança tem a aparência de engaiolamento, fazendo com que haja maior dificuldade do morador entrar e sair de casa.






Fonte: Acervo próprio
Não foram permitidas fotos do interior do apartamento, mas possui 90 m², um quarto, uma suíte, um banheiro, sala, cozinha, área de serviço e dependência de empregada com banheiro. Dois dos apartamentos são totalmente virados para o leste, um deles tendo os quartos direcionados, como a maioria as janelas são de vidro, acaba se tornando um ambiente muito quente, além disso, toda a ventilação disponível para esses apartamentos será barrada por um condomínio que está sendo construído ao lado.

Fonte: Acervo próprio

Fonte: Acervo próprio.
O Edifício Aluisio Gusmao Rocha, se encontra na Rua Marechal Deodoro, 486, e é uma edificação de X pavimentos, onde o térreo é locado para um mercadinho e uma lanchonete.
O mercadinho tem um espaço muito pequeno, e, por falta de organização dos proprietários, os corredores são muito apertados, quase não cabendo duas pessoas no mesmo corredor. O local é totalmente desprovido de iluminação natural, mas os proprietários preferem usar da iluminação artificial apenas durante a noite. O mercadinho também não possui nenhuma ventilação natural, nem nenhuma abertura que permita a circulação de ventos, tendo apenas um ventilador direcionado para o caixa, deixando resto do mercado sem nenhum tipo de ventilação, porém, por ser um ambiente muito pequeno e ter poucas opções de compra, a permanência no local é mínima, não tornando esses problemas tão prejudiciais.

Fonte: Acervo próprio
A lanchonete, abre apenas a noite, e, diferente do mercado, sua área é bastante confortável e a disposição dos móveis favorece a ergonomia do estabelecimento. Por só abrir no período noturno, a iluminação é predominantemente artificial e a ventilação também, com ventiladores abrangendo todo o local.

Fonte: Acervo próprio
Os dois estabelecimentos - principalmente o mercado - não possuem nenhuma acessibilidade; primeiramente na calçada, que é esburacada e cheia de degraus, depois da ergonomia e disposição dos móveis dos estabelecimentos que dificultam ou impossibilitam o acesso a todos os lugares, principalmente para pessoas com deficiência física.
Não conseguimos acesso à parte residencial do prédio, mas o acesso é por fora do prédio por uma escada lateral, mas não havia ninguém nas unidades, e os donos dos estabelecimentos não conseguiram dar informações sobre.

Fonte: Acervo próprio.
O seguinte edifício está localizado na esquina da rua Pinto Madeira com a rua Barão de Aracati. Possui uma fachada dupla: a do edifício de habitação tem uma entrada voltada para a rua Pinto Madeira e a de comércio para a rua Barão de Aracati. Essa divisão ocorre a fim de melhorar o conforto de ambas as partes.

Nessa perspectiva, existem dois espaços para locação no edifício. O primeiro espaço é um escritório de arquitetura, o qual não tivemos a oportunidade de exercer uma visita, pois o mesmo estava fechado em ambos os horários que visitamos. Já o segundo é um salão de beleza, chamado Roberta, o qual foi realizada a visitação e conversamos com a dona que disse que já estava naquele local há muitos anos e que a maioria dos clientes que recebia eram moradores próximos.


Fonte: Acervo próprio.




Fonte: Acervo próprio
O salão de beleza possui um grande espaço em formato de L, que é usado com uma pequena recepção, espaço para cabeleireiros e outro espaço para manicures. Atrás da recepção, há uma sala para depilação e atrás dos lavatórios há um lavabo e uma despensa.
Esta edifício misto traz uma resolução interessante para as duas aplicações de uso do mesmo, porém ele já sofre com pichações e sujeiras ocasionadas pelo tempo. As cores escuras trazem uma aura de um bloco pesado, como se tivesse somente sido jogado ali, não se relacionando tanto com o entorno, que é provido de algumas habitações térreas e antigas, e alguns prédios altos de cores claras, poucas lojas logo ao lado, e a Praça Luíza Távora a um quarteirão na frente. Dessa forma, talvez somente uma pintura do mesmo fosse suficiente para trazer uma leveza a mais para o ambiente.

Fonte: Acervo próprio

Fonte: Acervo próprio
Esse prédio, localizado na rua Primeiro de Janeiro, 934, na realidade é uma casa com pontos comerciais embaixo, sendo uma açaiteria e um salão de beleza.
A açaiteria abre apenas no período noturno, e por isso se utiliza de iluminação artificial. Apesar de não possuir ventilação artificial e não ser favorável ao vento, o estabelecimento não é abafado e não causa desconforto na temperatura. Sua disposição dos móveis é favorável a ergonomia e acessível, mas apenas o seu interior, já que acabam se apropriando da calçada com algumas mesas, dificulta o acesso pela calçada que já é bem alta.

Fonte: Acervo próprio
O salão de beleza se utiliza por iluminação artificial, pois a natural é prejudicada pela porta de vidro com adesivo na entrada do salão, que sempre permanece fechada, o que leva a ser usado o uso de ar condicionado, o que poderia ser evitado se abrissem a porta. A disposição de móveis é típica de um salão de beleza e possui espaço suficiente para ser considerado acessível.

Fonte: Acervo próprio
Não conseguimos entrar na residência, que aparenta ser bastante espaçosa, sua entrada se faz por uma escada ao lado do açaí ou pela garagem na rua Mônaco.

Fonte: Acervo próprio






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